Tranquila Revolta

Manhã de sábado.

Já agradeci aos céus pela semana e por aqui estar em paz.

Foi uma semana de paz. Paz no trânsito, no trabalho e na vida. 
Dormi bem não me stressei com nada.

Em meio as confusões de casamento do Victor, só me preocupa mesmo que tudo dê certo e a falta de maiores recursos para ajudá-lo mais.

Andei "sonhando" com boas lembranças, permitindo-me a esperanças e, como sempre, fazendo planos para um possível prêmio da Mega-Sena que persigo.

Na quarta quando saía para o trabalho, vi uma cena que muito me toca: já dentro de meu carro (que sou obrigado a estacionar na rua até que o Victor case), vi algumas pessoas remexendo sacos de lixo colocados a beira da calçada.

Não seria nada demais se, quando então vieram em minha direção, não fossem uma mulher de pouca idade e duas meninas que deveriam ter no máximo 7 ou 8 anos.

Bem vestidas e agasalhadas as duas pequenas, brincavam pela calçada enquanto o semblante daquela moça era de total constrangimento e preocupação.

Meus pensamentos voam nessas horas.

Eu fico querendo me aproximar, saber mais, conhecer aquelas pessoas, ajudar se possível.

E fico mesmo sem ação. Cheguei a parar o carro e olhar mais de perto para tentar alguma coisa.

Na sacola que aquela mulher trazia estavam latinhas que catou lixos afora.

Pelas roupas e beleza natural das três não me pareciam com aqueles seres que, sem maior sorte, habitam as ruas de nosso cotidiano.

Deus sabe também da magia que exerce sobre mim as pequenas. E elas eram lindas em suas blusas de capuz, brincando sobre a calçada na noite fria.

O que poderia estar passando aquela mãe (irmã, tia, sei lá...)?

Será que podia ajudar em alguma coisa?

Segui meu caminho, coração partido por falta de chance ou coragem em me aproximar. Não sei que tipo de reação teria aquela moça se eu a abordasse...

Ficou em minha mente por todos esses dias aquela imagem. 

Nas noites seguintes, esperei encontrá-las de novo.

E então fico vendo na TV Globo o tal Criança Esperança... Mas não me convenço e nunca me comovi com esse "programa da Globo" que é mais um num País "miserável "como esse nosso, governado por crápulas e manipulado por gente ruim, egoísta e usurpadora.

Nós somos ricos em coração e disso se aproveitam esses bastardos.

Nós somos ricos em emoção e disso também eles tiram proveito.

Somos enganados por uma democracia de poucos que esconde a sujeira em nossas caras, tomando de nós tudo que lhes for possível.

Não dá para acreditar e ajudar um programa da TV mais rica e poderosa do Brasil que diz em ajudar as crianças. Esse não é o meu papel.

Meu dinheiro é jogado em ralos diariamente.

Pago impostos mais caros do mundo (até para ajudar nessa campanha famigerada tem que se pagar).

Tenho leis obsoletas que não me favorecem e são absurdamente esculachadas nos tribunais.

Que me desculpem a Globo e quem mais encontra nesse "programa" alento ou forma de se sentir bem.

Não é minha obrigação. Sou cidadão, não um governante. 

Trabalho subempregado graças a política rôta do Trabalho nesse País.

Pago com sacrifício todos os meus compromissos taxados por essa corja de magnatas e seus asséclas em Brasília.

Submeto-me a pressões diárias e sofro a discriminação por não ser mais um garotão de até 30 anos.

E o que a Globo e seu "programa para se fazer de boazinha" faz por uma senhora como aquela que vi catando latinhas para transformar em míseros trocados?

A miséria está em toda parte.

Essas misérias que se fazem para ter "audiências globais" também e não me enganam.

Deveriam se ater em repercutir e pressionar os governos e governantes a cuidar dessa meninada, desse povo, desse País.

Deveriam fazer programas que liderassem o povo em campanhas para instruir direitos e exigir deveres que eles possuem, que são os verdadeiros donos e patrões segundo a CF88 e não tirar dele o pouco que teem em nome das crianças. Cadê o tal Estatuto, então?

Vou parar por aqui... O post ficaria muito longo com tantas revoltas.

E temos muito para ajudar, eu sei.

Mas ainda temos gente ordinária, desumanos que assaltam e matam, viciados que batem em mãe, leis que servem a quem pode, corruptos e corruptores, saúde e educação deplorável em salários em hospitais e escolas, trânsitos caóticos, queimadas assustadoras e políticos...  E somos obrigados a votar.