Dizer que a Copa acabou, passou e eu nem comentei com ele... Razões outras me fizeram nesse período estar calado.
E desde que me entendo por gente, o futebol faz parte de mim, de minha vida. A história começa com meu pai e meus irmãos, primos, tios em uma cidade pequena do interior e nos tempos de coreto na praça, igreja, clube e campo de futebol resumir toda a vida do povo.
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| UNIÃO F.C. - Silva Jardim, RJ |
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| Juvenil do União - anos 70 |
Está no sangue. E por isso, ainda hoje, com quase 60 anos ainda levo a sério a pelada de domingo que faço parte com alguns colegas.
O blog escolinhafutebolsociety.blogspot.com criado há alguns meses por mim me tomaram a vez do amigo aqui e lá pode-se entender mais dessa paixão atual que me torna a vida o que sempre me realizou.
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| Silva Jardim de minha infância. |
Aliás, estou aqui para falar da vida.
Essa minha vida que assim chegou até esses tempos de hoje e que passou rápido, me envolveu e ficou em mim. Parei com tudo que era eu, que vivi, me adaptei, me acovardei, me recolhi e já fazem anos... Passou tão rápido que me pego lembrando algumas passagens e ainda não sei bem em qual tempo foi, se ontem ou há anos.
Tenho estado envolvido em problemas cotidianos, diria, se assim estivéssemos preparados para enfrentar.
Meu pai, que não aceita os efeitos de sua idade, meus filhos que começam novos períodos, pais agora e diferentes como eles só.
Tenho visto meu patrimônio de anos se esvair, serem trocados por novas situações, por novos tempos.
Sinto saudades.
Saudades desvairadas, sem retorno algum, desesperançadas sem dó nem piedade em meus erros.
Sinto-me só e, apesar de ser adepto a solidão, me faz mal em certos momentos não ser abraçado, ter carinho, beijar... Aquele motivo a mais que te leva a seguir.
Sinto a idade, a verdade de poucos anos ainda por viver. Foi ontem que tinha vinte e nem sonhava com o agora. E o agora maltrata, parece cobrar aquilo não cumprido que passou sem ser aproveitado.
E dói, como dói.
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| Meu pai. |
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| Meu pai e meu filho mais novo na época com 10 anos |
Tenho estado angustiado com certas coisas e não sei nem quais são.
Revoltado, sem controle, magoado.
Mas queria falar da Copa. A Copa do Mundo 2014.
Meu pai sofreu junto com 200 mil pessoas no Maracanã em 1950 o silêncio da angústia, do choro baixinho da multidão frustrada.
E meu pai ontem deve ter estado perplexo como 200 milhões de nós, coração dolorido, no Mineirão, em ver o vexame 64 anos depois...
Tenho 57 anos. Vi do Tri para cá, sofri em 82 e não estive ligado nessa Copa por causa dos entreveros políticos, a baderna e os transtornos.
Não dava para empolgar também esse time. Então só assisti.
Sabia que seria obra de Deus (que dizem brasileiro) sermos campeões.
Mas não me dava conta de que essa seria a única em casa que veria. A história.
E ela acabou ontem num vergonhoso desastre de 5 ou 6 minutos e 4 gols...
Não há o que falar.
Não há o que cobrar.
Não tem como explicar.
Para mim, e da história que sei, fica o saber de não estar mais aqui em tempo hábil para outra e as lembranças amargas de 50 e de agora.
Então, tenho bons motivos para dizer: COPA AQUI NUNCA MAIS!!!!!!!!!
Doeu e dói muito ser brasileiro hoje, acordar depois de ser atropelado pela emoção frustrante e ficar sem noção, sem caminho, parecendo órfão de algo que tanto queria bem.
Crucificam-se alguns, culpam-se outros e falam os corações... Não dá para ver TV, ouvir rádio.
Seria bom dormir e só acordar em 2018, na próxima na Rússia, de tanta vergonha.
AQUI NÃO. NUNCA MAIS...
