Há exatos dois anos, essa era minha condição, em plena férias, com tudo muito em paz.
Para quem trabalhava a noite e passava stress todos os dias para ir e voltar do trabalho, fumava e dormia pouco, eu me sentia em plena forma. O infarto me pegou tão incrédulo que levei dois dias antes de procurar recurso médico e ainda fiquei sem noção depois do diagnóstico.
Quatro stents no peito e graças a Deus uma boa recuperação depois de um cateterismo e uma angioplastia.
Dois anos... Sem contar que no dia 09 meu pai nos deixou há três anos e no dia 06 foi a minha mãe há muitos anos.
No CTI, recuperando da angioplastia. |
Essa semana, depois de todo o procedimento e protocolos para internação e cirurgia do joelho, mais uma vez foi adiada. Já é a quarta vez.
Essa foi a pior porque estava na maca para passar para a mesa quando descobrimos que o procedimento estava errado nas documentações. Eu só preciso de uma artroscopia e iriam até serrar os ossos de meu joelho...
O meu momento não é bom.
Além desses acontecimentos, havia feito entrevista para um bom emprego no fim do ano passado através de um amigo que muito me considera.
Aos sessenta anos eu iria ganhar o maior salário de meus trinta e tantos anos trabalhados.
Foi decepcionante... Eu já esperava e havia avisado a meu amigo sobre minha condição psicológica e física mental.
Muito me abateu a situação que ontem fiquei sabendo.
Há uns anos, depois de muito fazer errado em minha vida, voltei para casa numa decisão de me isolar de tudo e todos.
Havia um preço a pagar pela paz.
Depois que perdi meu emprego último, que a saúde já não é a mesma, perdi meu pai, deixei o meu futebol pela lesão do joelho, decepcionei-me com um filho e muito, não tenho vida sexual, amorosa ainda me falta seguir.
Esperar.
Rezar.
Desistir vez por outra.
Ver o tempo se esgotar, passar... A cada ano que passa, mais estou desacreditado até pelos meus.
Muito sinto a falta de você, de mim, de todos.
Da janela do trem da vida eu olho fixo a paisagem como se esperando descer nas próximas estações.