Na minha rotina atual, nem pela janela eu vejo fora de meu apartamento a cor do dia... Se não for realmente necessário, não saio de meu canto, minha TV, meu computador, celular e minhas lembranças.
Procuro e envio alguns currículos para sites que oferecem algumas poucas vagas mas, confesso, sem muita razão, vendo a esperança pequena se esvair junto com minha idade, as vezes com a falta de alguma experiência e muitas vezes por estar longe.
Mas, semana passada, assisti a movimentação em torno do Lula.
Longo e tenebroso julgamento do STF de palavreado incompreensível para reles mortais, por quase doze horas de espera do que realmente era do interesse de todos.
E depois a estratégia de trincheira em São Bernardo, no sindicato, que poderia durar o tempo que quisessem porque existe um tal Direitos Humanos, cobertura mundial ao vivo da imprensa e os cambaus a quatro... Mas "a luta continua companheiro."
Sim, a luta continua.
Nas ruas, vizinhos, consultórios médicos, bancos aqui perto, falavam-se da decisão entre Vasco e Botafogo, cada um cuidando de sua vida, tocando como pode.
E observei: eles sabem que está acontecendo mas, assim como eu, depois de tantas decepções, operações, julgamentos e prisões, miseráveis e horrendas realidades a volta de cada um em seus bairros, suas casas, suas vidas são mais importantes, tem mais que discutir e dispensar atenção do que essas falcatruas transformadas em shows pelos mesmos artistas e nos mesmos palcos do poder em nosso país... (Alguém me ajude com um adjetivo para definir porque os meus se esgotaram ou não o há para o tamanho que preciso.)
Não estou parado mas me sinto assim...
Já montei e vendi pastéis e caipirinhas na beira do campo de futebol, já tentei fazer comida light e agora estava tentando lanches para vender nas clínicas e consultórios aqui perto. Não tenho o dom de vender, apesar da boa vontade de fazer, das ideias e com isso, não deram em nada.
Voltando ao outro paralelo, a tal intervenção de segurança é para o que mesmo? Os crimes bárbaros continuam, os assaltos e ações das mais descaradas possíveis, afrontam ao cidadão que vêm as forças armadas se espalharem por alguns pontos da cidade com hora marcada, expediente de oito as dezessete horas... Ora? Gente, onde está quem não crê que aqui é uma guerra declarada, civil, miliciana e militar?
E as guerras na Síria, por exemplo, que calam o ser humano daqui em tantos horrores que o fazem assistir e procurar esquecer ou simplesmente se resumir a um "misericórdia" exclamado sem a consciência de saber que os interesses estão acima de tudo para o resto do mundo, para as potências maiores que lá estão presentes e querem seu pedaço banhado em sangue que sobrar.
Não vou mais me aprofundar nesses paralelos mundos.
Quero só terminar com a minha calada observação, quem sabe solitária, que me paralisou fitando o teto tentando ver clareza nos pensamentos divididos, assimilados naquele instante.
Estamos vivendo dois mundos paralelos. Um que a gente só vê, paralisados pela impunidade e pela impotência, que tentamos afastar das mentes e dos corações, dos medos e horrores. O outro, aquele que precisamos cuidar porque está ao nosso alcance, podemos lutar e tentar proteger, rezar muito e pedir aos céus para manter.
São dois paralelos que enxergo de vida no meu hoje.
São dois mundos.
São duas maneiras de vida.
Mas até que uma bala perdida ou uma ação direta acabe com um ou mesmo um conflito mundial, um míssil atômico Trump, Kim Jong-un, Putin possa acabar com o outro.
