Ele estaria contando 17 anos ao somar os números de sua idade e brincando com isso como uma criança feliz diante de um bolo com velinhas para apagar.
Era uma dia especial que ele se contentava em receber ligações de seus agora poucos amigos e da família. Esse era seu real presente, acreditem.
Queria escrever tanta coisa a seu respeito mas vou ser repetitivo em humildade, honestidade, simplicidade, muita saúde, inteligência, etc.
Era amigo.
Minha tristeza se resume em meu amigo ter partido zangado comigo. No auge de seu devaneio causado pela diabetes nós brigamos... Era necessário alguém ser duro com ele e me escolheram.
Ontem, pensei em como abordar o tema para escrever em sua homenagem hoje ao pensar em quanta gente boa que vimos, conhecemos e que se foram.
Artistas, família, amigos, conhecidos, pessoas que admiramos, suas obras, sua presença... Nosso pequeno vasto mundo.
Assim, lembrando meu pai quando ele contava de sua infância, juventude, eu olhei para a minha vida e senti falta de tantos. Então, lembrei que meu pai já duro com tantas perdas ao longo de sua vida, comentava a banalidade da morte. Não mais o abalava.
Em outros tempos contava a história de cada um que se fora.
Nos dia atuais, o medo de partir pode ser o mesmo mas estou na fase de, por estar mais próximo, mais assustado, assombrado e vivendo o pouco que me resta ainda sabendo que a esperança de sonhos que me eram presentes e empurrava para mais um dia agora são escassos, menos fortes.
Estou parando, essa é minha sensação.
Eu já contei quantas Copas do Mundo assisti?
E quantas vezes vi meu Fluminense campeão?
Já contei que vi surgirem os primeiros transistores, as primeiras TVs, o esboço do que seria um PC???
Meu pai viu muito mais, admirou muito mais, sobreviveu muito mais... Ainda lembro dele sentar em sua sala há poucos anos, descobrir o CD e ouvir muitos de sua época, remasterizados e vendidos barato.
Sei que temos que ir um dia e, apesar de não se conformar, temos que aceitar a imposição da vida que é o seu fim.
O Trem da Vida tem feito umas paradas bruscas ultimamente... Que deus nos perdoe ao descermos nas nossas.
Meu pai, mais um ano que não vou ouvir a sua voz no telefone feliz e relacionando quem já havia ligado, quem fora o primeiro, quem faltava. Apagava cada velinha de seus muitos anos a cada um parabéns que recebia...
Saudades!!!!
