Me reconheço como apolítico de há muito tempo.
Mas, com o tempo, quer queira ou não, a gente vai sendo obrigado a testemunhar uma gama enorme de coisas que chamam (nesse País e talvez só aqui mesmo) de política.
Essa coisa famigerada de eleição nos faz ver bem a situação que estamos envolvidos, vivendo ou sobrevivendo o Brasil. Basta perder um pouquinho de seu tempo e prestar atenção ao sair de casa ou na TV.
Ao ver os CANDIDATOS ou ouvir os seus apelos musicais que insitem em passar dia e noite por todas as ruas da cidade é que me dou por convencido:
"Isso existe mesmo!!! É possível!!!"...
Incrédulo, procuro (ou tento) não prestar atenção aos funks que anunciam futuros vereadores, MC's e os cambaus a quatro.
É demais para mim.
Sabemos (NÃO ME NEGUEM, PELO AMOR DO SANTO CRISTO) que é pura sujeira a tal da política em nossas terrinhas. Jogo puro de interesses em nome do povo ou para o "povo".
Não há como negar os tais "favores" que acontecem ao redor, do mais pobre cidadão - ignorante de pai e mãe, sofrido - até as mais altas castas (que financiam e controlam por trás todo o poder) .
"O poder que emana do povo." Tsk.... (eu li isso em algum lugar, me parece... mas onde mesmo, héin???!!!! Constituição???)
Mas deixando de lado essa coisa que me tira do sério, me revolta, me transtorna completamente, o queria mesmo era contar sobre um amigo de longas datas e uma passagem sua numa dessas eleições passadas.
Meu caro Edinho que sempre admirei no gol do time de meu bairro, jogando junto com meus irmãos, em uma época onde o futebol de várzea ainda se fazia atração, reunia e fervia em disputas ferrenhas entre times de bairros dessa nossa cidade. (Poético, não???!!!!)
Fato é que, dono de um pequeno bar, já aposentado, ele reunia mais ali seus amigos do que fazia negócio. Dizia sempre que estava ali esperando nossa visita, que um dia "fulano" esteve lá, no outro vieram "ciclanos e beltranos" (velho isso, putz...) e assim seguia.
Um belo dia, tornou-se candidato um amigo de balcão, frequentador assíduo e companheiro dele de jornadas.
Eis que, o candidato, com a proximidade do dia de ir às urnas, pediu ao Edinho que este fizesse um "trabalhinho" de divulgação, aproveitando o ensejo de orientar aos distintos eleitores que por ali, em frente a seu bar, passassem, onde iriam votar.
Edinho é daqueles caras que te passam calma, sempre pronto a um conselho ou a escutar mágoas entre uns copos de cerveja servido, é claro entre ele e quem mais pedir.
Alegre, não podia ver uma mulher bonita vindo ao longe na rua que passava a mão nas coxas da gente dizendo bem baixinho "já que não posso passar a mão nela, vai em você mesmo".
Pois bem. Sentado atráz uma mesinha posta na calçada do bar, um cartaz onde se lia "SAIBA AQUI ONDE VOTAR", meu camarada ficou por alguns dias.
Num desses dias, parei para "bater meu ponto" e o encontrei com cara zangada, puto da vida.
Perguntei-lhe então o que houve e ouvi:
"_ Óh rapaz, a gente se mete em cada uma por causa dos amigos.
Imagina você que eu tô aqui sentado, um calor do cacete, doido pra tomar uma cerveja e me aparece um cara na rua pra perturbar?!.
No meio de uma porrada de mulher bonita passando pra lá e pra cá, me vem o cara; chega bem perto, suando pra cacete e diz pra mim:
"_Moço, o senhor sabe onde Vôvotá?".
Perdi a paciência e respondi: "_Eu sei lá onde seu avô tá, rapaz. Vai perguntar pra sua avó, porra."
E, com aquela cara cínica característica, abriu uma cerveja pra nós dois terminarmos de rir com as aventuras dos pobres coitados que ali queriam saber alguma coisa.
É um sacana, já dizia meu sogro.