E eu voltando no tempo, sozinho, olhando pra ontem, pro nada... Aquele dia que ficou no passado e até hoje não sei o que aconteceu, na realidade.
Sandrinha foi uma pequena menina bonita que eu encontrei naqueles hi-fis anos 70, na sala de uma casa de conhecidos como era comum na época.
Era tão pequena, delicada apesar da idade. Fazia meu gosto.
Sempre me apeguei a cabelos compridos, rostinho delicado, pouco volume, magrinha e baixinha.
Sandrinha era até bem mais do que o normal. Tendo sentido isso quando a abraçava ou segura aquela pequenina mãozinha e sentindo sua delicada estrutura. Era realmente muito pequena.
Ela iniciou uma nova fase em minha vida aventura adolescente... Fui namorar em casa e levei a sério. Queria mudar aquela linha de sair tentando "ganhar" alguém, uns beijos, uns amassos quando a sorte sorria. Tudo era muito escondido. Tudo era sem futuro mesmo e não tinha liberdade, o que inibia a todos nós, meninos e meninas, com medo dos pais.
A coisa era séria.
Na casa de Sandrinha era mais fácil. Sua mãe era muito boa, separada e Sandra já estava com 18 anos. Sua irmã era bastante amiga e, apesar de mais nova, dava umas duas de corpo da irmã.
Eu tinha o respeito delas, tinha hora de ir embora e me sentia bem mesmo sentado no chão da varanda de uma casa simples e sem muito o que mostrar. Elas, talvez por vergonha, não me deixavam entrar e nem faziam questão disso.
Foram poucos finais de semana. Uns três no máximo sempre repetindo as mesmas situações.
Num sábado qualquer daqueles, cumprindo minha rotina, cheguei à casa delas, fui recebido pela irmã da Sandra e, dava pra ouvir o choro sentido de Sandra lá dentro. Como sempre, eu cheguei a varanda e me disseram que eu fosse embora porque ela estava passando mal e não queria ajuda, não queria que a visse assim.
Mesmo sem entender, porque eu queria estar com ela, dar carinho e ajudar, fui acompanhado até o portão ouvindo ainda aquele choro sentido.
No portão, eu quis saber se eu havia feito alguma coisa errada e "minha cunhada" me disse que eu não voltasse... Mas porque?
Não houve nenhuma resposta.
Até hoje, não sei o motivo daquela situação.
O que eu possa ter feito a alguém que eu gostava e que tinha um significado especial no meu tempo?
Nunca mais a vi, mesmo morando no mesmo bairro.