A Ponta da Linha

Imagina uma linha limpa, solta ao sabor da brisa e sem que você defina o começo, onde se prende, ou o fim que parece cada vez mais tênue. 

Ao longo dessa linha aparecem outras, muitas e diferentes. Umas se entrelaçam e outras só tocam aquela. Algumas delas se prendem com nós firmes e, mesmo assim, quando se afastam se tornam pequenas, curtas. Dá pra ver que ali parou de tocar aquela linha e se foi, se acabou. 

A linha referência é a minha da vida, digamos.

As outras são daqueles seres que se envolveram e tocaram a vida da minha linha. Uns se enrolaram mais, enchendo de voltas e ajudando a minha vida, sua linha reforçando a minha e vice-versa... Outras só tocaram, ficaram juntas e me disseram pra seguir.

A linha da vida! 

Tecendo em forma de tempo e de vida. Vida vivida, vida.,!

Os nós, enrolados feito uma só, marcaram para sempre a minha linha. 

Vez ou outra eu olho pra eles e sei lá estão. Para mim para sempre mas, quem deixou a minha linha cortou a sua e eu sei que acabou. 

Dói mas é assim mesmo. 

A linha segue tênue, bem ao sabor dos ventos fortes e a qualquer momento vai se perder porque não há mais tempo ou linhas para se juntar, ser feliz e fazer feliz. 

O tempo é inimigo dessa linha. 

Resta olhar os poucos nós e saber que foram vividos. Só!

A Chama

 A vida poderia ser como uma vela acesa e sob controle de cada um dono da sua...

Quando você se cansasse de segurar e cuidar para que a chama não se apagasse, você mesmo, com um sopro, a extinguiria .

Mas ela pertence a Deus.

E somente Ele poderá dizer quando se extingue, quando se acaba.

Sou Eu

Dias ruins, horrorosos!

Detesto calor. Detesto o verão por suas consequências que me atormentam o Ser.

A simples presença do sol forte ao sair de meu quarto pela manhã me deixa azedo até que as horas passem, a tormenta também e, sossega o coração pelo menos até o dia seguinte.

Assim são esses dias. Longos dias!

Eu tenho problemas como qualquer ser humano. Já tive sonhos mas agora ele é para os outros próximos... Não queria nada além de construir uma casa sob a égide de projeto considerando um abrigo subterrâneo, daqueles dos EUA.

Isso se primeiro eu realizasse acertar 6 números da Mega Sena...

É esperar como espero a tempestade chegar e terminar, quase todos os dias.

Momento Alma

Eu já por várias vezes senti uma coisa tomar conta de mim em dias comuns, assim sem mais nem menos... Quem não?

Uma coisa que parece sair de nosso corpo e, como se possível, olhar pra você e fazê-lo pensar "O que você está fazendo? Para que faz? Que sentido tem isso?".

Chamam de tédio mas eu creio que seja mais. Alguma coisa da alma da gente que, talvez, se indigne com o sentido de tudo, dos porquês e das respostas. Vida?

Mas não é fácil para "ela" se dar conta em meio a rotina de tudo igual, dias iguais, vida normal. Uma rebelião da essência de nós mesmo!

E quando se está sozinho, silêncio, calmaria e bem estar é o momento que acontece. 

Por isso, por diversas vezes, senti essa sensação de sair do meu corpo e questionar o que eu estava vivendo, fazendo e porque? Para que?

Em grande parte da minha vida profissional estive sozinho em minhas funções.

Madrugadas vazias e só barulho de equipamentos, ar condicionado... Pensamento voa entre lembranças e vontades. Saudades!

E o futuro? Esse é o motivo desse "tédio"?

Nunca soube explicar mas sempre foi marcante. Eu ficava com o momento na minha frente por um tempo e, imaginava tanto e tantas coisas... A mente e seus mistérios!

A minha é muito em mim.

E Lá Fui Eu

De repente, sem pensar, algumas lembranças me chegam e não são mais prazerosas.

Desafiadoras eu diria, se pensar hoje... Se fossem realizadas hoje.

Quantas vezes em plena semana de trabalho, altas horas, dentro do carro, na rua a beira da praia sem iluminação e flagrados por famílias moradoras que talvez voltassem de algum culto de igreja.

Sem dizer que eu entrava perto da casa dela, num bairro perigoso pra deixá-la em casa e, que uma nenê ficara com a vizinha... Muita coisa errada! Inconsequentes!

Era cego pelo prazer, pela paixão.

Que coragem me tomava que não sei explicar para mim mesmo agora?

Tempo.

Ele voa e leva até mesmo o que era orgulho e vida. Vida vivida. Vida.

Ser Ou Não?

 Procuro respostas.

Até mesmo para minha paz, minha consciência. Afinal, é de mim que vem essa confusão entre Ser ou não Ser. Talvez eu tenha me embrenhado num caminho diferente de outras pessoas pela visão que tenho sobre o mundo, sobre as coisas da vida, sobre o tempo de cada um de nós.

E eis que sempre vi exemplos de fé no seio da família.

Minhas tias e primas beatas, minha mãe que sempre em sua devoção depositava esperanças e segurança, meu pai que orava sob o olhar de retratos de todos os seus e as imagens de alguns santinhos pequenos que mantinha em seu escritório.

Cresci numa cidade com três igrejas e maioria católica, a despeito de sermos ensinados a respeitar as outras duas, havia um certo distanciamento entre os membros Batistas e da Assembleia de Deus conosco, católicos assim por dizer. Isso porque não fui ou sou católico. Só de batismo. E os tempos eram outros...

Conheci outras religiões e sempre que se fala nas coisas sagradas de Nosso Senhor, acredito que seja a fé, aceito e me emociono.

Houve um tempo em minha vida que ir a igreja Batista sábado a noite era um prazer e reconfortava o coração. Eu estava assíduo, até que me senti na "obrigação" de ser membro, convidado, quase forçado... Parei de ir. 

Eu ajudei nas primeiras obras para ficar assim...

Nas religiões ocultistas, a umbanda me fez bem quando meu pensamento eram somente para ouvir e ver, acreditar e tentar entender. Não passei disso e não sou grato a certas entidades que, se puder, evito de todas as maneiras.

Já vi rezarem missa católica num centro de umbanda. Enfim, sou eclético e creio numa palavra que hoje busco muito porque, pelos meus temores, comecei a ver que me falta: FÉ!

Sou materialista e, digamos, não acredito "Na vida eterna."

Creio que estamos e somos passageiros dessa coisa chamada vida, complexa de entender ou explicar, com tantas e muitas perguntas sem respostas e só. Ao morrermos, acabou e pronto. As lembranças e nada mais ficam. Talvez problemas que deixamos para outros resolverem e o que chamam "legado", do bem ou do mal. 

O céu e o inferno, outras vidas, estar ao lado de Deus... Esperanças para compensar a vida das pessoas de que morremos para alcançar a glória. 

Jesus deu sua vida por nós! Ele ressuscitou e ensinou caminhos, bondade, amor.

Creio em oração porque sempre (ou nem sempre) Ele nos deu sinais de sua presença, suas bênçãos. Preciso e sou grato por tudo que me fez chegar aqui e peço perdão por tão pouca fé que me põe de joelhos por faltar coragem e confiar mais... Perdoai-me, Senhor!

As vezes ouço que "estamos aqui mas não somos daqui", pertencemos aos céus... Meu materialismo me questiona tanta coisa! Meu modo de ver questiona tanta coisa! E minha fé e resignação precisam ir a frente apagando de minha mente, em respeito a Jesus, a quem oro e peço pelos meus, agradeço e imploro perdão.

Tenho estado dividido.

Tenho contado meus dias.

Passageiro no trem da vida...

O sopro da vida pode se extinguir a qualquer instante. Deve ser difícil estar condenado por uma doença e saber que é o fim. Ou, de repente, sentir sua rotina interrompida, querer continuar e não mais seguir. Então, divinamente, seria dormir e não acordar.

Se quero que seja rápido, não deveria ter medo de tempestades como tenho?

Afinal, um raio não daria tempo nem de saber o que se passou...

Tenho medo da morte. Tenho medo de sofrer para morrer. Então, divinamente seria dormir e não mais acordar... E assim mais uma história que somente Deus sabe contar. Mais ninguém.