Eu conheci o Carlos Teruya em meados dos anos 80, quando ainda era funcionário de uma empresa pela qual trabalhei 21 anos.
Carlos também era funcionário de uma empresa que prestava assistência técnica para equipamentos em nosso laboratório. Um serviço especializado, em cromatógrafos, que, por ser a fabricante única em território nacional, a tal empresa gozava de prestígio e de situação no mercado com exclusividade. A demora era grande quando se necessitava deles.
O nosso primeiro contato não foi muito bom. Achei o cara muito novo e pedante, além de ser "paulista". Explico: ele já chegava "agredindo" para não dar chances.
Mais tarde, quando já havíamos feito uma amizade, ele mostrou porque.
A sua carreira foi meteórica naquela empresa. Do silk screen dos equipamentos a um bom carro e viagens por esse Brasil afora (e adentro), ele começava a sentir a falta de casa por ficar na estrada muito tempo, atendendo a clientes nos mais variados lugares e isso "stressava" e acabava com a simpatia e boa vontade de qualquer um. Eles eram exclusivos e isso também contribuia de certa maneira. Carioca (para ele e para muitos, todos que são desse Estado do Rio, são cariocas) eram gozadores e ele se "defendia" antes que fosse alvo dessas gozações.
Um tempo depois, recebi o Carlos em meu laboratório. Já era o responsável pelo serviço de cromatografia da fábrica inteira e o Carlos já era a Intecrom, empresa que montou junto com sua irmã Cristina e que, com muito de seu trabalho, viria a fazer frente a antiga pela qual atuava.
Eu sai da empresa que trabalhava em 99 e perdi o contato com o Carlos em função dos percauços dessa vida. Há pouco tempo, num desses relances ao acaso na net, encontrei a Intecrom e consequentemente o Carlos me reencontrou.
A um convite seu, estive em São Paulo para para ver a nova fase de sua vida e claro, a sua "nova" Intecrom, sua família, um novo cara. O tempo faz coisas com a gente, não é??!!!
Mesmo sabedor de sua verdadeira paixão por crianças, fiquei extasiado em vê-lo de terno e gravata, bem cedinho na porta de uma creche, com aquela coisinha pequena no colo a ser entregue. O carinho e o cuidado com a pequenina Bianka, de 1 aninho, refletem o pai da Camilla, de 6 anos. A imagem ainda é a mesma, mas o cara amadureceu e eu fiquei e estou feliz por tudo que vi.
A Intecrom ainda é o Carlos, mas ele a divide com mais 11 pessoas que o ajudam a gerir negócios. Negócios que ele mesmo conseguiu diversificar com sua experiência de longos anos.
Hoje, o cara já não vai a "campo" e comanda de sua base, perto de sua família (inclusive sua bela irmã Cristina) uma equipe de competentes colaboradores. E digo isso porque a Intecrom para mim é o Carlos. Sempre foi. Não faz muito tempo que o via atender telefones, vender, comprar, negociar de todas as formas e cumprir a agenda de técnico que vai até o cliente.
Eu vi aquele moço, entre um tempinho e outro, em meio a um sem número de equipamentos velhos, sem uso, sonhar com o seu próprio. Ele se sentia capaz para fazer isso.
Pois bem. O que vocês vêm aí embaixo é o "filho" mais novo, chamado G8000 sendo montado em instalações próprias, que lhe rendeu um prêmio de design em 2005, por uma revista especialiazada.

A Intecrom agora é também Usacrom, Quimicom, Novacrom, enfim, um pool de empresas em uma só, para servir de forma abrangente a quem trabalha e necessita de cromatografia. Ela vende "soluções em cromatografia".
As instalações de cursos voltados a prática da técnica.
Enfim, o Carlos, como sempre foi, é um vencedor de muitas batalhas e eu sempre o admirei por sua garra e inteligência. Acessorado por sua irmã, pelo Fernando e com colaboradores como os que lá convivi, ele ainda tem muita coisa boa para ver chegar.
Nessa última sexta-feira, eu o vi chegar a sua Intecrom por volta das 7h. Vestido com a elegância do dia-a-dia, ele escondia um cinto por debaixo das suas calças, que apertava a região abdominal para que pudesse sentir menos a dor que o incomodava desde quarta-feira.
Por volta das 18h, ao sair do curso que participei com o professor Fernando, soubemos que ele já estava no hospital para mais uma série de exames. À noite, conforme me falou ontem por telefone, passou por uma cirurgia de vesícula e se recupera bem.
Ele tem planos para esse camaradinha aqui. E são planos grandes, como tudo que pensa, como empresário que quer, que deseja, que tem garra, que saiu lá de baixo com todos e tudo que teve enfrentar.
Eu estou feliz por ele e mais ainda por uma chance. E vindo de um lutador como o cara, o desafio é maior, sei. Mas também é força e inspiração e eu preciso desse apoio, dessas oportunidades de aprender. O Carlos, a Cris o Fernando e eu temos cada um de nós uma história diferente a contar de vida. Assim como qualquer ser humano, podemos sonhar e tentar sermos melhores.
Aprendermos com a vida e com bons exemplos dela é necessário. Eu tenho agora muitos exemplos e uma nova parte de experiências a viver.