Tenho estado um tanto quanto confuso em meus sentimentos.
A longa carência ( e aí falo em sexo), a solidão das noites de trabalho e a falta de contatos com pessoas por dias trocados pela noite não ajudam em nada.
Já disse certa vez que nunca fui daqueles caras que sabem dar em cima de alguém, aplicar a velha cantada e chegar ao finalmente sem muito se importar com quem está do outro lado, etc, etc...
Claro que também (e aí entram as lembranças) andei dando minhas bordoadas.
Tenho casos que não conto a ninguém por medo de não ser acreditado.
Mas, ainda não me lembro daquela coisa de investimento em prosa e verso, ao pé do ouvido ou como dizia meu velho amigo gordo "cercar a franga até levar pra um cantinho e pimba". Comigo elas sempre aconteceram.
A última foi depois de meses viajando na mesma van, de volta da UFRJ.
A aproximação foi por ser quase minha vizinha e a abertura veio pelo MSN, sem que eu ainda percebesse que aquilo poderia estar acontecendo com cara bem mais velho e enrolado. Até ali, reinava o respeito de um pelo outro e o tempo de viagem nem sempre um perto do outro.
Antes mesmo de acontecer algo maior, sentamos em bar no Centro do Rio, numa sexta após suas aulas e meu expediente (eu trabalhava como bolsista CNPQ) onde fiz questão de esclarecer a minha vida naquele momento, a minha volta para casa em meio as voltas que o mundo dá em torno da gente.
Eu quiz lhe dizer das mudanças em meus sentimentos, de não querer mais errar em me apaixonar ou deixar que isso acontecesse.
Na verdade, não me sentia em condições de manter um relacionamento e, se acontecesse, teria que ser algo meio que "ideal" ou cafajeste, onde só se poderia estar ou contar com o outro em horas certas, pré-determinadas e assumidamente para o sexo. Algo que nem mesmo eu sabia como poderia ser.
Quando a gente sai de tanta coisa ruim que arranja por causa de uma paixão, depois de tanto se envolver em coisa errada, passar apertos e fazer muita merda por aí, sobram poucas coisas a aproveitar e uma das coisas que mais se aguça em sentimento é a falta de confiança em você mesmo e principalmente nas outras pessoas. A outra é o medo de errar, magoando e sendo magoado. Daí vem a fuga em isolamento. Pelo menos foi assim comigo.
A menina (26 anos, se bem me lembro, ela tinha naquela época) insistiu, à beira de uma praia que sempre gostei de ir para esses casos, em um feriado de inverno. Mesmo com todos os meus problemas e "exigências", marcamos um outro dia e ficamos juntos uma tarde num motel.
Dias depois, mesmo com meus pedidos e lembranças sobre a nossa conversa, meu celular e telefone de casa insistia tocar. Ao sair para trabalhar, já a encontrava no ponto de ônibus em frente ao meu prédio.
Enfim, ela não cumpriu o "acordo" e insistia em uma vida a dois, sem nem haver uma linha pequena de esperança para isso acontecer.
Um dia, me contou que havia dito a sua mãe sobre mim, sobre minhas condições de vida e tudo mais. Ouvi então de sua mãe "Se ele é casado, tem juízo e não vai levar isso adiante".
Entendi o recado e coloquei um ponto final no que poderia ser uma coisa muito legal, pelo menos para mim. Antes de tudo, eu queria mais sua companhia, ter alguém para trocar carinhos, beber umas cervejas, conversar e confiar. Havia agradecido a Deus por ter acontecido ela e vi ali a chance de poder sorrir mais uma vez. Poderia contar com alguém amiga e amante, colo e carinho, companhia e ombro.
Não foi assim.
De lá para cá nada mais aconteceu e fui me sentindo cada vez mais preso, escondido, sem chances.
Se tivesse hoje uns 30 - 40 anos, diria que "estou na febre do rato" (ou melhor, da gambá) mas já sinto peso e a falta de ação.
Bate saudades...
Dos tempos de liberdade e de aventuras vividas sem nunca me desviar daquilo que sempre fui.
Das boas idas até as casas das meninas que trocam por dinheiro como se remédio fosse, o tratamento dessas nuances de um homem, mesmo que em poucas vezes tivesse feito uso.
Acho que foi assim que aprendi a respeitar essas meninas.
A coisa de telefonar, acertar R$/hora, marcar e partir pro abraço não me faz muito bem.
É muita coisa envolvida e pouco tempo para ser feliz. Ainda mais que não tenho muito para trocar e, com certeza, teria que ter muita sorte de encontrar alguém com aquela química perfeita que liberasse todos os meus instintos rapidamente.
O toque, o cheiro, o sabor... Fazer com gosto.
Paixão... Êh bichinho malvado e dolorido que deixa sequelas tão grandes e fundas para maltratar a gente de jeito.
A minha está fechada em seu cisto esperando a hora de atacar.
Tomo remédios todos os dias preso aqui em minha bolha e sofro o mal de ainda estar vivo e assim me sentir.
O que quero mesmo dizer é que ainda desejo. Quero matar essa sequela de carências sexual, de carinho, de beijos, de namoro... De saudades.
Um comentário:
E quando chegar a hora de atacar, hein?
Viver.
Fluir.
Soltar, desprender e perder-se para reencontra-se.
Seu direito não lhe foi tirado. Nem sua natureza alterada, nem sua essência perdida.
Beijos, querido!
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