"Durante a noite? Ora, Maria, você está exagerando. Na verdade, são 45 minutos, e mesmo assim, se descontarmos tirar a roupa, ensaiar algum falso carinho, conversar alguma coisa óbvia, vestir a roupa, reduziremos este tempo para 11 minutos de sexo propriamente dito."
"Onze minutos. O mundo girava em torno de algo que demorava apenas 11 minutos."
Quem leu o livro de Paulo Coelho sabe bem que as palavras acima descrevem uma realidade na vida.
Se bem que, em algum momento vivido, todos nós (ou alguns) pode ter feito com que estes minutos tenham sido mais duradouros e reais, mesmo nas circunstãncias da personagem do livro. Mas, creio, nem sempre.
A paixão já me levou a "feitos" que nem eu mesmo acreditei, creiam.
Um amigo chamava de "tirar leite de pedra".
Quando li Onze Minutos, fiquei extasiado, comovido e pensativo com a realidade das cenas descritas e o pensamento de Maria, assim chamada a moça que saiu do interior, veio ao Rio e foi parar na Suíça, já então prostituta.
Como muitas outras moças que não tiveram suas histórias registradas e que dariam centenas, milhares de best sellers, a Maria do Paulo Coelho é real. A história do livro, como conta o autor, foi misturada a fatos fictícios para não "copiar" o diário em que se baseou.
O lado pessoal de cada menina dessas é o que mais me fascina. Suas histórias de vida, suas origens, seus dramas ou tudo mais que a levam a "vender" seu corpo, sua intimidade e até mesmo seu carinho e atenção.
Essa coragem real e verdadeira de vida, me traz (e sempre foi assim) a ter por elas um respeito muito grande. Uma admiração por sua beleza, coragem e liberdade.
Uma vez perguntei a uma menina no meio do salão de uma termas:
_ Se fosse eu um ganhador da Mega-Sena você aceitaria sair daqui comigo?
Pensativa e com a carinha mais intrigante que vi, sem para de dançar a música que tocava, ela demorou e disse-me que não.
Depois emendou: "_ Eu sou Ariana. Sou como uma cabritinha e gosto de viver solta."
A maior das virtudes num ser humano pode ser, para mim, a franqueza. E uma grande maioria das meninas que conversei até hoje são assim.
São atrizes também, é claro. Mas não é um dom?
A maioria das mulheres que não pertencem a classe (ou julgam-se assim) não conseguem isso. Se bem que, minha visão atual das mulheres num geral, é que elas descobriram uma forma de ser parecida com as meninas da vida. Desenvolvem uma técnica que torna seu comportamento cada vez mais perto daquelas que "discriminam-se".
O sexo é realmente o que move o mundo.
Tudo termina em sexo.
A gente se esforça para tudo e por tudo nessa vida e, lá no objetivo final, está uma mulher incluída. Ou várias, em bacanais ou conquistas aleatórias. Sexo.
A mulher, mais fundamentada em princípios e valores, sonha com independência e liberdade, mas o amor é algo que a atinge sublime em seu ego. A mulher já nasce com o dom de amar para ser mãe. E mãe é uma só, de amor maior pelo que é seu, gerado e gerador as vezes.
Ela transcende de muitas gerações. Vem desde a submissão aos dias de hoje que, com seu poder, se transforma onça feroz e insaciável quando quer aquele macho. Ela vai a caça.
No fim das contas: sexo.
"Do diário de Maria, em um dia em que estava menstruada e não podia trabalhar:
Se eu tivesse que contar a minha hoje para alguém, poderia fazê-lo de tal maneira que iriam me achar uma mulher independente, corajosa e feliz. Nada disso: estou proibida de mencionar a única palavra que é muito mais importante que os 11 minutos - amor."

Em outra das minhas experiências, ouvi o relato de uma menina sobre os motivos que a fizeram chegar até ali.
"_ Eu tive de tudo. Minha casa não faltava nada do bom e melhor.
Meu marido trabalha na Petrobrás, tenho 3 filhas uma de 8, uma de 6 e a mais nova com 4 e até cristã eu era.
Um dia descobri que o avô paterno abusava de minha filha mais velha e fiz um escândalo.
Meu marido preferiu ficar ao lado de seu pai e não acreditar em mim. Então, depois de me separar, resolvi largar tudo e me virar. Cortei e pintei meu cabelo, fiz duas tatuagens e hoje sou puta."
Essa menina chegou a levar para minha casa uma camisola, na época que morava sozinho. Fazia amor como uma mulher normal, com alguns pudores que as meninas não apresentam mais.
O seu comportamento e os pensamentos pareciam misturados. Agia em determinadas situações como a mulher dedicada e em outras parecia perturbada com todos os seus eventos recentes e talvez com tudo que ouvia ou via em relação a homens.
Eu até gostaria de poder tê-la ajudado mais...
Os motivos podem ser diferentes.
Os caminhos que nos levam e trazem pela vida os são também.
A coragem dessa mãe e a determinação dessa mulher pode ser contestada?
Suas atitudes e caminhos se misturaram. Para não enlouquecer com tantas perdas mudou seus destinos, abandonou suas crenças e saiu a vida.
Ela não bebia, não fumava e muito menos chegava perto de drogas.
Mudou sua vida e sua aparência talvez até mesmo para "vingar seu ego" ferido de mulher e mãe.
continua