Haviam sonhos e aquela coisa que anda junto... Desejos.
Aos poucos os dias foram tomando tudo. A saúde, os prazeres, o futuro.
Chegaram incertezas e até medos.
Saudades de mim e mesmo as lembranças mais gostosas desaparecendo como se uma bruma cobrisse os caminhos que me traziam até elas.
Me dou conta de um mundo meu e de outro, que nunca passou pela cabeça viver.
Hoje, me vi dolorido por um casal de vizinhos que o vírus pegou e está maltratando.
Então lembrei de minhas perdas lá no passado e seus dias finais. Meus pais.
"Merda, já passei por essa dor", disse a mim mesmo em pensamentos misturados.
Do mesmo modo, rogo por todos os meus e por todos no mundo. Rezo a Deus piedade.
Desde que eu vim morar aqui a pandemia chegou.
Meu mundo e rotina de acordo com o protocolo se fizeram menores ainda.
Essa é a visão da minha varanda e o pedaço de mundo. A casa de meu filho onde vejo meus netos e nora.
Ao lado um casal simples e contido.
Ele e ela se completam com duas cadelinha que agora ouço uivar de tristeza. Como se já soubessem... Meus vizinhos são pacientes de UTI.
E foi rápido esse processo.
"Meu Deus, como foi!!!"
Eis a Serra e sua beleza que se transforma todos esses dias de verão em tempestades que tanto tenho medo.
Meu pequeno mundo está ameaçado e eu não quero me conformar.
Seu Carlinhos e D.Lourdes as vezes eu via, as vezes um bom dia... Mas sabia que estavam ali.
A morte um dia chega, eu sei. Nada é mais certo... Mas está sendo difícil saber que lutam contra um inimigo cruel e traiçoeiro.
É meu pequeno mundo.
Não o quero menor.
Ave Maria cheia de graças...
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