"Eu desisto
Não esxiste essa manhã que eu perseguia..."
A música do Taiguara "Universo No Teu Corpo" sempre foi uma de minhas preferidas.
Essa noite porém, ouvindo enquanto trabalhava, atentei para uma parte dela e não gostei:
"Só encontro
Gente amarga mergulhada no passado
Procurando repartir seu mundo errado..."
Há pouco tempo fui taxado como "amargo" ao encontrar um conhecido que trabalhou em um mesmo lugar que eu.
Guardei comigo aquela palavra e, pouco tempo depois, em conversa com outras pessoas, em local muito diferente, me foi dito a mesma coisa.
Então me incomodou a coisa.
E incomodou mais ainda por ter que concordar com as pessoas e saber que não é uma boa coisa estar assim.
Me dei conta que isso não pode me fazer bem e que é preciso fazer alguma coisa para amenizar, controlar a dita cuja.
Ser amargo afasta-me das pessoas.
Passo a ser visto, discriminadamente, como "má companhia".
Sei também que essa coisa cresceu em mim com o tempo que passei sozinho.
O tempo que passo sozinho e que me trazem tantas e tantas lembranças. Boas ou ruins, remontam a mim uma grande tristeza que cresceu sem que eu me desse conta até estar declinada em minha face, por pessoas diferentes, em lugares diferentes, que não faziam parte de minha vida, de minhas lembranças.
Elas me foram útil ao dignóstico.
AMARGURA.
Em alguns dicionários encontrei "tristeza, mágoa, ressentimento".
Em alguns escritos "remoendo coisas do passado".
Nada bom...
Pelo rádio às 05:50h, escuto o Bispo D. Fernando em sua "Oração da Manhã" todos os dias que posso, antes de voltar para casa e, uma das coisas que ele cita e pede a Deus é que tenha "equilibrio". Uma palavra forte para quem não consegue ser ou ter.
Admiro muito quando encontro alguma pessoa que é assim, que possui esse dom.
O mundo em que vivo não pode me ajudar.
O passado me é e se faz fortemente presente.
Me culpo por tudo que passei e passo.
Me tranquei e fiz com que ele ficasse restrito a minha volta por não querer passar por tudo de novo, como uma punição imposta por atos que, mesmo com ou sem razão, pratiquei, vivi e pago assim esse preço.
Deixei tudo que me era importante e que me trazia um pouco de paz.
Me isolei em poucas confissões e em um "mundinho" só meu, com medo, por desprezo de alguns, desconfianças até de mim.
Me isolei por viver coisas ruins sem procurar. Fui atingido em tão pequena e isolada parte do que vivia nesse vasto e grande mundo, falando então sobre a parte material.
As fantasias se foram.
Os sonhos são poucos e limitados.
E me culpo por ter sido tão DESEQUILIBRADO, tão INGÊNUO, tão BURRO em meu passado.
Me vem sempre à memória as passagens que trazem um desgosto profundo do vivido, passado recente.
Perdoem aqueles me lêm tudo isso agora.
Cabem muitas explicações e eu não seria capaz aqui em descrever ou explicar sem que me tornasse monótono, amargurado.
Me perdoem enfim a descoberta que não me fez bem ainda.
Preciso lutar muito comigo mesmo para afastar um pouco esse, digamos, "vício" adquirido por tanto sofrer com as perdas da vida.
Me perdoem por não estar preparado.
Por não amadurecer; por santa ignorância da vida; pela ingenuidade burra; por não entender o mundo cruel como ele é; por querer que as coisas possam ser simples e entendidas, por um mundo melhor, pelo ser humano, pela paz, pela amizade, por tudo de bom que temos e podemos fazer. A Graça Divina de estar aqui.
O Taiguara segue:
"... Vem comigo
Meu pedaço de universo é no seu corpo
Que meu porto, meu destino, meu abrigo
São teu corpo, amante amigo em minhas mãos.."
Entendo (ou quero entender também) como me faz falta amar.
Que o remédio seria uma paixão.
As paixões que busquei enquanto pude e me dei a chance em poder viver.
Vou seguindo "doente".
Vou tentando arranjar meios de conciliar desejos e frustrações, mágoas e desilusões, passado e presente, até me sentir em paz.
Ela pode estar longe.
Ela pode demorar a chegar.
Ninguém é perfeito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário