Mudanças

Estou em meio a um processo de mudança... Vou deixar meu apartamento e tentar experimentar uma casa, um pouco maior para receber os netos.
Sinceramente, não era para estar escrevendo nada agora tal a bagunça de tantas tralhas que se acumulam e nem lembramos que existem e estão guardadas.
Chamou-me atenção porém, uma parte de nossa classe trabalhadora que assim como quase a totalidade por aqui é explorada ao extremo.
Hoje chamamos esses moços de "montador de móveis"...

Você vai a uma loja, adquire um móvel qualquer e não faz ideia de quantas partes esse móvel é dividido, chega até sua casa em umas caixas fechadas e se transformam como se fosse mágica.
Já se ouviram falar dos engenheiros, técnicos ou arquitetos que imaginam e produzem essas pecinhas? Desenham e montam os quebra cabeças em suas "pranchetas" até se transformarem em um armário com seis portas, cômodas, etc.

Eu fico vendo os meninos abrirem as caixas, retirarem dali muitas pecinhas, pregos e parafusos.
Peças diferentes, marcações diferentes, diferentes tamanhos vão sendo separadas e a maior virtude do brasileiro começa a aparecer: a HABILIDADE.
Se eu abrisse uma caixa daquelas, com toda certeza, ficaria admirando tudo aquilo sem saber o que tirar dali primeiro até chorar de desespero...
É incrível!!! Mãos habilidosas acompanham a mente acurada que como mágica transformam aquilo tudo em um móvel funcional.

O que me impressiona porém, não tem nenhum valor de mercado.
Seus patrões os exploram a todo custo pagando uma irrisória quantia por cada tipo de móvel montado, sem admitir erro ou atraso e sob ameaças de haver muitos querendo a vaga que ora é sua.
Um absurdo!!!
Não há sindicatos nem quem defenda esses meninos mágicos.
Não há cursos... Eles aprendem uns com os outros, praticando até poder seguir sozinhos.

Pela complexidade, no mínimo esses trabalhadores deveriam ser mais respeitados, ter um curso técnico específico e serem reconhecidos como Técnicos em Montagens de Móveis, no mínimo.
Mas aqui é Brasil onde a crise impera no poder e se precisa seguir, comer, vestir, tocar a vida... Absurdos!!!
Exploram o que há de mais belo nesse povo: sua força de vontade e sua habilidade.

 Um trocado de gorjeta pelo bom atendimento é o mínimo que esse químico desempregado pode fazer para aliviar a alma indignada e mostrar respeito pelo trabalho admirável que eles sabem fazer.
Não espero mais nada desse nosso Brasil.
O povo do bem - poucos que estão por aí, porque a maldade tomou conta de vez - honestos e admiráveis persistentes são ainda o que nos orgulha e nos fazem pensar em seguir.
Deus abençoe a todos nós!!!