Mas a tal realidade, cruel e avassaladora, nos diz quase conjuntamente que é tênue, as vezes sem lógica.
Meu pai, mesmo que nos últimos anos já não mais fazia nada, não saía de sua rotina em dormir cedo indiferente a fogos que insistiam em fazer barulho, não deixava de montar a sua mesa de Natal.
Com seus enfeites e brinquedos guardados há anos com todo carinho, fazia questão de vê-la arrumada para a festa do nascimento de Jesus.
Isso era sonho de vida que ele carregava ao longo de tantos natais.
Curtia cada brinquedo como criança feliz.
Hoje, 16 dias no CTI de um leito de hospital, talvez nem imagine que seja noite de Natal.
Quem sabe o que pensa, sonha????
A realidade maldosa o levou até lá. E foi por tantos anos vividos, por não admitir que a tal realidade tirasse dele o que tinha de orgulho, de vaidade: a sua saúde.
Minado pela depressão, deixou-se levar a cabo o plano sórdido da sua inimiga.
Vê-lo parado, respirando por aparelhos, sem reagir a tantos tubos em seu corpo, me deu a má impressão e a dor do que chamo de realidade... O fim.
Meu pai em sua simplicidade bondosa não deve estar mais ali...
Nesta noite comemorativa do nascimento de Cristo, oro ao Senhor que o acolha em seus braços e o coloque numa manjedoura para dormir o sono eterno do descanso final, se assim lhe for consagrado.
Aqui sozinho em minha casa, retrato de meus avós ao lado, acostumado a ver a data como mais uma dádiva, momento de refletir em paz e amor, não poderia deixar de pensar e escrever sobre o meu velhinho. Meu bom velhinho que me deu o maior presente de todos, a vida.
São José, em sua bondade de pai continue nos guardando os sonhos e nos guiando.
Feliz Natal, meu pai!!!
Esse é o primeiro sabendo que não posso ouvir sua voz a me desejar tudo de bom...
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