Me permito a sonhos para tentar esquecer passado e presente. É com eles que nino meu sono difícil, regado a Rivotril.
Mas sonhos me remetem a lembranças e estas me inibem de tristeza ou de vergonha... E nem mais assim me permito o prazer.
Esses dias, sem pé nem cabeça, ouvi de novo que suicídio é covardia.
Não penso assim. É bem difícil e tem que ser muito forte para superar o maior de todos os medos do Ser... Já fiz e sei disso. Acordei e senti que meu plano falhou, que o plano Dele foi maior.
Não sei mais discutir este assunto, só penso nele quando a vida perde sentido em não encontrar mais nada para ter prazer, elevar a Endorfina, ter compromissos que dê realmente o valor que se busca.
Deixar tudo aí sim... Afinal, uma hora vou deixar, queira ou não.
Filhos e netos, amores, paixões, experiências sem igual.
Meu mundo pequeno e triste que oro sempre pedindo que não me falte, que me protejam em meus caminhos mesmos, que me permitam e me perdoem os pecados.
Peco em pensamentos, sei.
E ainda assim, em meio a balbúrdia que é meu coração endurecido e dolorido, me peguei esses dias voltando a delirar com uma presença tal como somente ela poderia realizar. "Porque não? Ela é louca. Sempre foi".
E dormi bem o dia todo. Como se tivesse amenizado os pensamentos, desligado o mundo, como fazia ao estar com ela naqueles dias escolhidos de paz.
E chamo de delírio porque meus devaneios são frequentes mas não me permitia que ela estivesse presente.
Me fez bem. Foi como um alívio de perdão.
Pelo que tanto peço, queria poder receber algum antes que desapareça na vontade do Criador.
Se nem notícias tenho há anos, ser perdoado seria um alento discreto mais de grande valor.
Eu posso voltar a namorar o vão central da Ponte a qualquer hora...
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