Esperava por meu ônibus.
Eram 05:10h de uma manhã um pouco fria para esse povo acostumado a viver o inferno de temperaturas altas quase o ano todo aqui no Rio.
De um dos coletivos que chegam da baixada trazendo os madrugadores de sempre ao Centro da cidade, ajudada por um homem grande, uma senhora desceu uma cadeira de rodas e nela uma garotinha.
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Foto ilustrativa |
Estava em frente ao HSE e já um tanto penalizado com as pessoas que ali começam a se aglomerar esperando por atendimento, no escuro final da noite. São idosos, crianças, senhoras. São carros de prefeituras distantes que chegam trazendo mais... E é todo dia na minha rotina.
Mas a menininha me trouxe um auto-questionamento próprio.
Havia acabado de cumprir meu turno de trabalho e, com minhas próprias forças estava a caminho de casa agradecendo a Deus por tudo isso em minhas orações.
Então lembrei que ainda faço reclamar coisas simples como as mudanças feitas pelo tempo em meu corpo.
A barriga que cresceu teimosa, o rosto que evidencia as marcas, as faltas e as carências pelos desejos, as lembranças que sonho reviver... Mas eu VIVI.
Cheguei até aqui por onde muitos nunca (nunca, eu disse) passarão ou passaram.
Olhe os irmãos que dormem ao relento, as pessoas doentes que buscam alento de alguma forma.
A escolha é Única e imponderável.
Fui um dos escolhidos em bênçãos por Deus.
Assim, como todos os mortais, vivemos e não gostamos de pensar qual será o nosso dia final, que fim vamos ter. Será rápido e fulminante? Será dolorido, sofrido?
Mas ainda assim, também em relação a tantos, poderemos dizer de caminhos, prazeres, delícias e muito mais ao longo da vida.
Agraciados por Deus e humanamente egoístas, não enxergamos muito bem o que vai a nossa volta.
Olhe os irmãos que dormem ao relento, as pessoas doentes que buscam alento de alguma forma.
Olhe as velhinhas com bolsas pesadas, perdidas na multidão, em sacrifícios que não dá para imaginar sabe-se para onde vão.
A eterna luta pela sobrevivência de velhos trabalhadores que insistem e não podem parar. Alguns passam descalços e maltrapilhos empurrando qualquer coisa que lhe servirão uns poucos trocados ao fim de mais um dia. É muita vida que vai ali.
A menininha talvez não consiga contar muito depois.
A menininha talvez não consiga contar muito depois.
A escolha é Única e imponderável.
Por vezes, a escolha é sua.
Ainda assim, até mesmo que tardiamente e egoísta impotente, devemos agradecer a oportunidade de ver que somos tantos, iguais e tão diferentes Escolhas.
Que Deus nos perdoe sempre!!!
Que Deus nos perdoe sempre!!!
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