O que classifico como perdas pode não ser, uma ou outra, o que pode ou deve significar.
Fazem 4 anos que deixei de frequentar as ruas, bares e noites de sexta em busca de "emoções" e relax regados a cerveja gelada e ambientes diversos.
Fazem 2 anos que não tenho uma "aventura", ou seja, passei 2007 e 2008 em branco quanto a "conhecer" alguém diferente.
Fez 1 ano que deixei meu futebol "sagrado" de todo domingo.
Fazem 5 anos sem ver ou saber notícias da menina ou da moça...
Mas hoje, dia de Reis, se não bastasse o aniversário de meu cumpadre Adriano, ficou para mim marcado como a grande perda de minha vida.
Há exatos 14 anos, nesse dia 06 de janeiro, dava adeus a minha santa mãezinha.

Ela se libertou de um sofrimento muito grande que só de imaginar me dói até os ossos.
Estava presa em seu próprio corpo, consciente, sem nenhum movimento, sem vontades ou desejos atendidos, só dor e sofrimento por ainda estar ali naquele leito o que restava do corpo, que com toda certeza lhe fazia padecer seus dias finais.
Já vi algumas coisas horríveis. Mas nada comparo ao que minha mãe padeceu naqueles 8 meses.
Ao me ver e ouvir a seu lado nas poucas visitas, manifestava com a pouca força da alma que lhe restava o único gesto que lhe era possível, franzindo os e os rosto maltratado como se fosse chorar.
Essa é uma lembrança que nunca vai me deixar.
Não sei o que somos, fomos, fizemos nessa hora. Minha mãe, por muito de ruim que por ventura possa ter sido para alguém, não merecia tal fim.
Mas quem sou para julgar.
Apresento os fatos que conheço como se advogado de defesa: nascida e criada na pobreza de pais agricultores de terras alheias, no interior do Estado, anos 20. Padeceu com impaludismo toda sua infância, casou-se sem saber o que era sexo, cresceu com o crescimento de meu pai, criou 3 filhos e adorava seus netos que a chamavam de Biia quase por imposição dela, em nome da vaidade que era grande. Entre outras coisas, depois de perder seu casamento, ela possuia um coração enorme que repartia o que tinha ou mesmo ficava sem para ajudar alguém. Devota de N.S. Aparecida e de crenças religiosas no sincretismo brasileiro, sobre tudo do povo cigano. Honestidade e coragem eram seus maiores ensinamentos e legados. A fé era sua defesa.
Se choro a falta que ela me faz, a sua dor em seus últimos dias me trazem o consolo.
As lembranças que guardamos era de uma Maria jovial, bonita, vaidosa e orgulhosa do pouco que tinha. Gostava do que era bom e não media esforços para conseguir, mesmo que lhe custasse caro ali na frente. Ela vivia o momento, o agora, e ficava feliz.
Essa com certeza, é a Maria que, esteja onde estiver, ela quer que viva em nossa memória.

UM BEIJO MINHA MÃE. SUA BÊNÇÃO.

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