Niver do Papai

Aqui estou eu para falar de um homem, para mim, sem igual.

Ele, segundo "me contaram" uma vez, era meu melhor amigo em outra vida.

Mas sei que é o melhor amigo que posso ter, que Deus me deu.

E ele é amigo de tanta gente...

Quando pequeno, ouvi um senhor nas ruas de Silva Jardim, sua cidade natal, dizer sobre ele:

"_ Ademar??? Não tem um só homem igual sobre a Terra. É ele aqui em baixo e Deus lá em cima."

Nunca esqueci. Mas sempre ele nos deu essa prova, ao longo de seus 87 anos completados ontem, 31 agosto. " _ Papai me registrou em 12 de março de 1921, mas eu nasci em 31 agosto de 1920" . Naqueles tempos...

Meu pai é de uma pureza sem par, de uma simplicidade e humildade que dão gosto e de honestidade que se orgulha. Acrescento uma ingenuidade de quem vive sem enxergar o mal nas pessoas e nas coisas e a justiça que impera sempre em suas atitutes conosco.

Fui até lá para lhe dar um abraço e "puxar sua orelha".

Sim, puxar a orelha, sim senhor. Não dá saber que ele anda atravessando ruas movimentadas sem se importar com trânsito, com sinal. Abusa mesmo.

Nosso maior orgulho é sua saúde e que não quero que um acidente o tome de nós como fez com o pai dele.

"_ Papai, o senhor tem a cabeça de 60 anos mas as pernas têm 87. Não faça isso."

É P-H-Ó-D-A!!!! Eu sei que me ouve mas não cumpre. Não muda mesmo.

Gosta de ser assim. Corre atrás de ônibus, atravessa ruas em qualquer lugar, faz estripulias a dar em doido. Mas é meu paizinho e eu não quero e nem penso vê-lo machucado, sem poder fazer o que mais gosta: andar por aí, pelo centro do Rio, Niterói, num vai e vem todo dia, às vezes só para ver o preço de uma coisa qualquer.

Para que saibam: já está no quarto casamento. Se bem que este último é somente companheirismo, com uma ex que ele reencontrou depois de 55 anos. PHODINHA, não???!!!