Já foram muitas mas essa me ganhou a memória mais uma vez e resolvi registrar, de alguma forma, tentar mostrar fatos em minha defesa, talvez.
Só quem viveu isso pode avaliar, até mesmo julgar, se possível.
O grau de marca para mim começa por ter sido há mais de 40 anos... Bons e velhos tempos de adolescente, Hi-Fi em casas de conhecidos numa penumbra forjada a papel celofane colorido na lâmpada e música lenta do romântico internacional tocado em novelas da TV Globo e nas rádios Mundial, Tamoio e outras poucas AM da época.
Foi logo assim que a PHILLIPS lançou um toca discos portátil e quando ter um LP com sucessos atuais era a moda, status.
A moda eram pantalonas, calças boca de sino e outros detalhes para os meninos e meninas.
Havia quem colocasse uma nesga de jeans antigo numa calça Lee novinha, abrindo as costuras das pernas para virar boca de sino.
Detalhe: calças da moda como a Lee e a Levi's somente em importadoras e estas somente em Niterói (a velha Nippon) ou no Centro da cidade do Rio de Janeiro.
Lógico que a foto acima não mostra a realidade de bairros como o que nasci, periferia do Rio. Dá uma ideia a quem nunca viu...
As meninas, influenciadas sei lá por onde (talvez a TV), surgiram com uma tendência de calças sem cós, bem baixinhas na cintura, mostrando quase o colo das mais ousadas e destacando a cintura além desejada e dificilmente sequer tocada vagina. É, meus caros, eram outros tempos ainda quando ocorreu o fato que tento narrar mas que preciso desses detalhes para ilustrar.
Eram tempos de respeito, de saudosas lembranças felizes, onde havia segurança, as drogas ainda não dominavam e o cabaço - casar virgem ainda era uma bandeira a ser defendida pela família e pelas próprias meninas - era moda. Época de namorar, beijar na boca no escurinho escondido de todos, quando muito um arrochinho e uma troféu que fazia a gente não querer lavar o dedo nunca mais (Rsrsrsrsrsr...). E era por cima da calcinha, hein!!!!
Mas, vamos tentar contar a passagem, depois de tantos floreios românticos que me remetem aquela época gostosa, pura e até ingênua.
Naquele tempo nós tínhamos uma galerinha que se reunia sempre durante a semana, numa praça do bairro, todas as noites para um papo furado que ia até as 23h. As meninas tinham que se recolherem até antes... Nesse tempo, a gente conhecia quase todo mundo que girava a nossa volta. ou eles sabiam quem éramos.
Saímos, porém, em grupos diferentes e todos se respeitavam.Quando juntos éramos unidos.
Haviam dois rapazes que eram mais velhos que a maioria de nós, já trabalhavam e sempre estavam acompanhados. Bem acompanhados, diga-se. Um deles se chamava Vander.
Nunca me achei bonito e por isso, era algo assim meio tímido, não havia um ímpeto de "atacar" alguma menina que pudesse interessar. Ficava sempre na minha. Esperava com paciência vendo o movimento dos casais, quem chegava ou saía, se estava com alguém, etc.
Minha tática em muitas vezes deu certo. Eu conseguia pelo olhar saber se poderia convidar a dançar comigo uma menina que na maioria das vezes estava do outro lado da sala ou da varanda da casa onde aconteciam os HiFi's.
Nosso grupinho tinha sempre algumas meninas. Uma delas namorava o colega mais velho - Francisco - dos meninos. Ele era uma espécie de líder, irmão mais velho, conselheiro, etc.
Eu tinha 16-17 anos. Frequentava o mesmo colégio, estava sempre na casa dele. Usávamos a mesma costureira para fazer nossas calças sob medida... Por aí.
Certa vez, não me lembro porque, paramos numa casa próxima a dele onde rolava um Hifi ao qual fomos convidados porque passávamos na frente e porque a festa estava com poucas pessoas.Uma das meninas da casa fez o convite ao amigo e entramos.
É bom frisar que não rolava nada para comer ou beber na maioria das festas.
Bebida alcoólica somente o amigo mais velho bebia. Era o simples prazer de participar, dançar, quem sabe ganhar um beijo, um namoro.
Nós estávamos até meio sem saber como avaliar a situação. Afinal, haviam poucas pessoas ali.
Não me lembro muito bem mas vi surgir a namorada daquele colega do outro grupo, o Vanderlei.
Ela estava zangada, triste... Mais tarde descobrimos que o namorado a havia deixado para ir ao baile do Clube Mauá. Coisa concorrida na época mas nem sempre ao alcance de todos.
Dentre nós quatro ali naquela noite em nosso grupo, ela me pegou pela mão e me levou para o meio da sala, enquanto na vitrola começava uma música boa de dançar, sucesso nas rádios, por exemplo.
O grupo ficou perplexo com a atitude e a preocupação dos comentários era de quem se tratava. Namorada do camarada.
Preciso dizer que era uma morena, cabelos bem curtos, de minha altura, bonita e com as coxas torneadas na calça sem cós, feita de tecido fino. Ousada para aqueles dias. Poucas usavam assim.
Com certeza, era mais velha que eu.
Preciso explicar também que a dança daqueles tempos, naqueles ritmos, era mais um encontro de corpos, um experimento de sensações, vibrações... Cheiro, pele, sensibilidade.
Quase não se movia. Os movimentos eram bem lentos, quase imperceptíveis. Mas tudo começava com um certo respeito, uma certa distância que podiam ser quebradas ao longo da música, quando se percebia que a dama aceitava uma maior domínio dos braços a sua volta, um aconchego mais próximo e pronto... Oh delícia!!!
Como se tratava de uma situação diferente, pelo respeito ao colega, a observação dos amigos em nossa direção eu estava até constrangido e cheio de cuidados com a dama... Ela não.
Primeiro me permitiu um abraço mais envolvente pois se aconchegou em mim aquele belo corpo quente e gostoso de segurar. Apertou seu abraço, colocou a cabeça em meu ombro e fechou os olhos, respirando bem próximo a meu rosto.
Terminou a primeira música e ela me segurou até a próxima começar.
Eu só tinha 16 anos, era viço puro e sem que pudesse controlar me vi dominado pelo prazer, excitado sob a calça de tergal especial em contato com tão gostoso corpo.
Nesse momento, com vergonha da reação dela, tentei me afastar e fui surpreendido por um movimento dela que procurou por meu pênis, levantou seu corpo para encaixar aquela coisa quente e ficou alí, ao som da música, esfregando e pedindo pra não terminar a dança... Foi inusitado. Foi extremamente gostoso!!!!
Não houve sequer uma palavra.
Dançamos umas três músicas.
Nunca soube seu nome e sempre a vi depois com o namorado. Vida que segue.
Para meus amigos, era caso de julgamento.
Fui repreendido por todos com veemência por todos os meus atos. Desrespeito "a casa dos outros" por "arrochar" ali, desrespeito ao "amigo" que era namorado da menina, etc... Despeito deles.
Eu já havia visto esse mesmo líder que agora me repreendia com a calça borrada e seu membro que era bem avantajado sob as calças diversas vezes, em muitas casas.
Os outros dois seguiam o líder mas com certeza por não terem sido escolhidos pela menina. Duvido que não.
Não sei bem mas acabo de lembrar que depois desse episódio eu passei a não mais fazer parte do grupo, evitar. Não saía mais, não ia mais a praça à noite todos os dias... Me afastei de vez.
Haviam outras prioridades.
O tempo do HiFi passou.
As drogas e insegurança começaram a chegar perto.
Foi assim.
Nesse futuro distante que se chama hoje, não sei seu nome menina, mas vc é minha história. Foi especial aquele momento. Mesmo que não passasse de alguns minutos, foi especial sentir você e poder ser parte de seu prazer.